Se a decisão final do STF seguir o entendimento atual, Ramagem permanecerá respondendo a acusações graves, que incluem tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa. Entretanto, as denúncias referentes a dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado ficarão suspensas até o término de seu mandato.
Além disso, a deliberação do STF estabelece que a imunidade parlamentar se aplica exclusivamente a Ramagem, não estendendo o benefício a outros envolvidos na investigação, como o ex-presidente Jair Bolsonaro. O relator da ação, Alexandre de Moraes, enfatizou que a Constituição é clara ao permitir a suspensão somente de crimes cometidos após a diplomação do parlamentar. Essa posição fortalece a interpretação de que crimes anteriores à diplomação não se beneficiam da mesma proteção.
A polêmica em torno desse caso gerou fortes reações entre os parlamentares. O líder do PT, deputado Lindbergh Farias, defendeu a decisão do Supremo, afirmando que o tribunal seguiu à risca a letra da Constituição. Em contrapartida, lideranças do PL, como o deputado Sóstenes Cavalcante, expressaram críticas à decisão de Moraes, acusando-o de desconsiderar a vontade expressa do Parlamento. Cavalcante insta o presidente da Câmara, Hugo Motta, a se posicionar diante do que considera uma afronta à soberania legislativa.
Por outro lado, o deputado Zucco, da oposição, caracterizou a decisão do STF como um sinal preocupante de uma “escalada autoritária”. Ele argumentou que tal postura ameaça a representação popular e os princípios democráticos ao ignorar a manifestação da maioria parlamentar. Ao mesmo tempo, outras vozes, como a do deputado Marcel van Hattem, alinharam-se a essas críticas, exigindo que a vontade popular não seja desvalorizada em prol de conveniências políticas.
Esse embate entre o Poder Legislativo e o Judiciário expõe uma tensão crescente na política brasileira, onde os limites da atuação de cada poder estão sendo constantemente testados e discutidos. A situação de Delegado Ramagem, e o desdobramento do caso no STF, são apenas um reflexo de um cenário político mais amplo, repleto de desafios para a democracia no país.