Ao menos 20% de jovens de 14 a 24 anos que menstruam já deixaram de ir à escola por não terem absorvente. Entre pessoas pretas com renda de até dois salários mínimos, o número sobe para 24%.
Os dados fazem parte de uma pesquisa feita pelo Espro (Ensino Social Profissionalizante), organização que oferece capacitação para jovens em busca do primeiro emprego, e a Inciclo, marca de coletores menstruais.
O problema da pobreza menstrual tem se intensificado nos últimos anos. Dados do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) mostram, por exemplo, que mais de 700 mil meninas vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em suas casas.
No ano passado, o presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a vetar um projeto de lei que previa a distribuição gratuita de absorventes íntimos em escolas públicas, para moradores de rua, presidiárias e outras pessoas em situação de vulnerabilidade.
No entanto, com a repercussão da decisão, o governo recuou da decisão. “Nosso trabalho contra a pobreza menstrual não deve ser focado apenas na distribuição de absorventes, mas também em garantir questões como saneamento básico e conhecimento do tema entre meninas e meninos”, explica Amanda Sadalla, cofundadora da Serenas, organização que atua nesta e em outras questões ligadas a mulheres e meninas.
A pesquisa também mostra um outro problema: 42% das pessoas já ficaram mais do que o tempo indicado com o absorvente para economizar dinheiro. O índice sobe para 45% entre as pessoas pretas com até 2 salários mínimos.
Pelo menos 32% declararam que já aconteceu de não terem dinheiro para comprar absorvente. “Nós não temos um cruzamento desses dados com o impacto da pandemia, mas sabemos que quem teve mais impacto negativo durante esse período foram as mesmas pessoas: negras, pobres”, explica Alessandro Saade, superintendente executivo do Espro.
Com informações UOL