A reforma administrativa que o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), está preparando tem como principal motivação o seu desejo de permanecer no cargo até o final de seu mandato em 2026. No entanto, a possibilidade provável é que o clã Calheiros, principal grupo político do estado, o conduza a uma candidatura a deputado federal em 2026.
A reestruturação administrativa, coordenada por Vitor Pereira, assessor de confiança de Dantas, oficialmente visa otimizar a máquina pública e reduzir custos operacionais. As mudanças propostas também devem diminuir a representatividade do PT dentro do governo, já que o partido atualmente comanda duas secretarias de relevância: a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos e a Secretaria da Mulher e Direitos Humanos. Com a reforma, o PT perderia a liderança de uma dessas pastas e ficaria com apenas uma secretaria sob sua gestão.
Entre as principais novidades da reforma está a criação da nova Secretaria de Estado de Relações Federativas e Internacionais (Serfi), cujo objetivo será fortalecer a presença de Alagoas em esferas nacionais e internacionais. A Serfi terá um papel estratégico, com foco na atração de investimentos e na construção de parcerias que possam impulsionar o desenvolvimento econômico e político do estado.
A proposta de reforma será encaminhada à Assembleia Legislativa de Alagoas, onde Dantas espera conquistar a aprovação de sua base aliada. Apesar disso, a redução do espaço político do PT poderá gerar resistências entre os parlamentares e dentro da própria base de apoio, o que pode dificultar o processo de aprovação. Mesmo com os desafios internos, a reforma é vista como uma tentativa de tornar a gestão mais eficiente e focada em áreas-chave para o desenvolvimento do estado.
No entanto, o cenário político de Alagoas vai além das mudanças administrativas e é marcado pela dúvida quanto ao futuro político de Paulo Dantas. Embora tenha declarado publicamente que pretende concluir seu mandato até 2026, o governador tem demonstrado sinais de que poderia se afastar do cargo para disputar as eleições, caso a pressão do clã Calheiros se intensifique.