Cícera Pontes esclarece que o principal fator de risco para a Doença de Parkinson é o aumento da idade
Caracterizada por tremores, lentidão e rigidez dos membros, doença é degenerativa
Um dos principais sintomas da doença de Parkinson são os tremores nas mãos
A Doença de Parkinson (DP) é uma condição degenerativa do cérebro, associada a sintomas motores, como tremor, lentificação dos movimentos, rigidez muscular e instabilidade postural. Conforme a médica neurologista Cícera Pontes, assessora técnica da Supervisão de Condições Específicas (Sucesp) da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau/AL), a patologia é desencadeada por fatores genéticos, epigenéticos e também ambientais.
“Estudos mostram que fatores ambientais como pesticidas podem aumentar o risco de se desenvolver o Parkinson esporádico. Então, o paciente que trabalha diretamente com agrotóxicos, por exemplo, está suscetível a desenvolver a Doença de Parkinson esporádica”, explica a neurologista da Sesau, ao ressaltar que esta terça-feira (4) é o Dia Nacional do Portador da Doença de Parkinson.
Cícera Pontes esclarece que o principal fator de risco para a Doença de Parkinson é o aumento da idade. “Estima-se que 1% da população alagoana, com idade superior a 65 anos, seja portadora da patologia”, salienta a especialista, ao destacar que as pessoas acometidas pelo problema devem ser acompanhadas com o médico neurologista, profissional indicado para diagnosticar e tratar os efeitos dessa doença”, afirma.
Sinais
De acordo com a neurologista da Sesau, um dos principais sinais da Doença de Parkinson é a dificuldade que o paciente sente em abrir a maçaneta, desabotoar a roupa e balançar os braços enquanto caminha. “Isso tudo ocorre pela degeneração das células do cérebro, que produzem a dopamina”, esclarece a médica, ao salientar que a patologia “é neurológica, degenerativa, crônica, progressiva e que sua origem é complexa e multifatorial”.
Cícera Pontes salienta que, segundo estudo divulgado em 2022 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a incapacidade e a morte provocadas pela Doença de Parkinson estão aumentando, em todo o mundo, muito mais rapidamente em comparação com qualquer outra doença neurológica. Ainda de acordo com o dossiê da OMS, a prevalência da Doença de Parkinson dobrou nos últimos 25 anos e a progressão dos sintomas diminui a qualidade de vida de forma acentuada. Paralelamente ocorre o aumento da necessidade de cuidados dos pacientes.
Sintomas
A doença de Parkinson possui sintomas motores e pré-motores. Geralmente os sintomas motores começam de um lado do corpo, evoluindo para o outro lado em meses a anos. São eles:
– Lentificação: A lentificação ou bradicinesia faz com que a pessoa tenha dificuldade em realizar movimentos voluntários e promove a lentificação de reflexos e movimentos do corpo. Ela atinge pernas e braços, assim como mãos e rosto. Até a velocidade do piscar de olhos fica reduzida;
– Tremor: o tremor ou tremor de repouso aumenta gradualmente e afeta os dedos ou as mãos, mas pode também afetar o queixo, a cabeça ou os pés. Ela é mais evidente quando o paciente está parado;
– Rigidez: a rigidez ou inflexibilidade dos membros e articulações é percebida como uma dificuldade em mover as articulações, mesmo com o paciente relaxado, muitas vezes esse sintoma começa nas pernas e pescoço;
– Instabilidade postural: a dificuldade de equilíbrio geralmente surge nos estágios finais da doença. Uma pessoa que está apresentando instabilidade postural pode facilmente cair para trás se for levemente empurrada;
Já os principais sintomas pré-motores seriam o distúrbio comportamental do sono REM, onde a pessoa tem pesadelos muito vívidos, podendo dar socos, pontapés, chorar e gritar; queixas de memória; intestino preso e até alteração no cheiro.
Histórico
Em 1817, o médico inglês James Parkinson descreveu pela primeira vez a Doença de Parkinson em um texto intitulado “Um Ensaio sobre a Paralisia Agitante” (em tradução livre). Apesar de haver anteriormente sugestões para definição do Parkinson por autores egípcios, indianos, Galeno e Leonardo da Vinci, foi aquela considerada a primeira descrição mundial bem definida.
A Doença de Parkinson passou a ser mais conhecida pelos neurologistas apenas na segunda metade do século XIX e o estudo da patologia se desenvolveu por décadas. Foi em 1960 que os estudiosos Ehringer e Hornykiewicz associaram a doença de Parkinson com a diminuição da produção de dopamina em circuitos motores subcorticais.
Atualmente, a ciência já sabe que a DP é uma das doenças neurodegenerativas mais comuns nos seres humanos. Ela não tem cura, mas tem tratamento para minimizar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida, amenizando os sintomas, para que o paciente possa retornar às suas atividades pessoais e laborais da maneira mais efetiva possível.
Os pacientes com parkinson sofrem com a degeneração do sistema nervoso em uma região do cérebro chamada substância negra. A consequência disso é a deficiência de neurotransmissores como a dopamina, um neurotransmissor que possui a função de controlar os movimentos finos e coordenados das pessoas.
Carla Cleto / Ascom Sesau
Bia Alexandrino / Ascom Sesau